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HOMEM E TIGRE

HOMEM E TIGRE  

 

Rufem os tambores, a definitiva luta está para começar  

A contagem final.  

Tum Ba*  

  

Na manhã acordo, a cabeça ao pé da cama  

Tum Ba*  

Tampado meu cabelo, percebo estar de chapéu  

Tum Ba*  

O primeiro passo, não encontra força meu pé,  

Tum Ba*  

Ando por cambalear a procura de quem me ama.  

Tum Ba*  

  

Na mesa, entre bolos e pães faço meu café  

Tum Ba* Tum Ba*  

Despeço de meus filhos e minha esposa,  

Tum Ba*, Tum Ba*  

Ela de maneira intensamente sútil interrompe,  

-Amor, quando iremos falar sobre seu grande tigre no sofá?  

Tum Ba Tum Ba* Tum Ba*  

  

Nada podia respondê-la diante de meu delírio.  

Tin Ta*  

Escondido de minha percepção, meu adversário  

Tin Ta Ta*  

O grande tigre alaranjado fitava-me com seus olhos  

Tin Ta Ta Tin Ta Ta  

Atentava a mim, um predador atenta ao seu frango à milanesa.  

  

Desviava dos brilhantes, sem sucesso  

Decido eu, por covardia, enfrentá-lo.  

Grito e indigno com ele, nada respondia  

Para o campo de batalha, apenas me seguia,  

Tum Ba Tin Ta Tum Ba Tin Ta  

  

Homem e Tigre.  

  

Rã ranhara rinha aranha ranha rachadura em meu peito…  

  

Eu perco, perco, as cicatrizes deixadas não evasão sangue,  

Apenas rios de minhas dolorosas lágrimas.  

  

Após, o tigre me domina pelo cotidiano,  

O levo na coleira e me arrasta pelas ruas  

A posse da esperança se perde pelas curvas  

Sua fama de pilantra reverbera ano após ano.  

  

O tigre corre para morder a perna do pobre carteiro  

Rasga a bolsa de uma linda moça que ali passava  

Rouba numa aposta o carro de sorvete do sorveteiro,  

Dá uma maldosa opinião para o poeta que ali recitava.  

  

No serviço, sou chamado para sala do chefe,  

Sou despedido! Para lá não podia levar o tigre.  

Este não parava quieto na cadeira, ficava a bagunçar,  

Do lado de fora, nada tinha, para sociedade iria mendigar.  

  

Vago nos desertos áridos e chuvosos, junto a ele.    

Suas garras ainda machucavam ao simples toque,    

Separo das pessoas e família pelo perigo dele,    

Na escuridão não consigo guiá-lo para o norte.   

  

As pessoas do trabalho e vida não caminham com seus tigres,  

Não sei, tamanho de suas gavetas para guardá-los todo sempre,  

As minhas são demais pequenas, constante sua saída de meus apertos.  

O que resta de mim é uma profunda máscara que todos veem leitos. 

 

A batalha…   

Tummmmm Baaaaa *Tummmm Baaaa  

  

Única solução possível, tenho de matá-lo.  

Pego minha espada e começo a machucá-lo.  

Seu pelo laranja começa a ter um tom vermelho,  

Minha ira recaí em seu sombrio retalho.  

  

Seus brilhantes olhos fitam novamente os meus,  

Os reflexos de suas cicatrizes eram os mesmos.  

Naquele distante segundo abandono minha espada  

Naquele distante segundo abandono minha covardia.  

  

O tigre tenta avançar a mim, dele eu subo em cima,  

Seguro firme a coleira, um pescador segura sua pesca  

Ele rosna para mim como um rei da floresta faria  

Eu rujo para ele como um rei de mim mesmo faria.  

  

RAAAR*  

  

Eu domei o animal mais forte da terra  

Eu me torno o animal mais forte da terra.  

  

Monto em meu tigre e caminho com serenidade,  

Trânsito pelas avenidas de minha velha cidade  

O Brilho alaranjado toma por completo o corpo  

Todos, os filhos, esposa, moça, senhora, sorveteiro, carteiro  

Param e admiram aquele evento tão estranhamente único.  

O poeta logo se inspira, escreve seus versos sobre a lenda,  

A lenda do homem montado no seu próprio tigre.  

  

Ao longe, deitamos ao pé de figueira  

Começamos rir muito, muito, tigre e mim  

Risos sem motivos pela comum terça-feira  

Findou a final batalha enfim.  

 

 

 

 

 

Na manhã acordo, cabeça na cabeceira da cama  

Aberto meu cabelo, percebo estar sem chapéu  

O primeiro passo encontra força em meu pé,  

Ando confiante na certeza de quem me ama.  

  

Estou atrasado preciso para o serviço correr  

Despeço de meus filhos e minha esposa,  

Ela de maneira intensamente sutil interrompe,  

-Amor, não esqueça de sua preta pasta no sofá!  

  

Com a pasta caminho em direção da razão na fé.  

Abro a porta… ele estava-la, à espera do duelo,  

O grande tigre alaranjado, seu constante olhado.  

Segurava para mim um aquecido, leite com café.  

  

Vou para um lado do ringue, o rival no outro   

Meu único e fiel parceiro.  

A final contagem,  

  Destinado estou, a eterna luta de mais um dia viver, Tambores rufem!!  

  

Tin Tum Tin Tum Ta Ba Ta Ba*  

27/06/2023  

Kamalesh D’ 

 

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