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A PONTE QUE DEIXEI AO PARTIR

A PONTE QUE DEIXEI AO PARTIR

“Brummm” Foi o som acometido naquela manhã, e se espalhou por toda casa. Lia o jornal em seu quarto, um homem, aparentemente solitário onde detinha sérias expressões. Ao escutar o barulho, ele calmamente se levanta de sua poltrona e caminha para a porta de seu quarto. Ele transpassou por ela e desceu as escadas do segundo andar chegando até a sala. Naquele recinto se encontrava uma criança segurando uma bola de futebol, seu filho, permanecia de cabeça baixa. Ao seu lado havia um vaso quebrado a origem do som. O pai se aproximou do vaso. Nele continha consigo uma muda, no momento já estava morta. O pai pegou seu filho pelo colarinho e o balançou repreendendo-o, enrolou seu jornal e bateu na bunda dele algumas muitas vezes. A criança chorava e o adulto esboçava um intocado olhar. Depois de alguns segundos ele parou. 

-Espero que não se repita. 

E subiu novamente as escadas de forma calma e pesada, podendo se escutar os sons de seus passos a uma grande distância. A criança ficou ali juntando suas lágrimas tentando achar razão naquilo, fora de sua compreensão. Após tantos anos apanhando por erros bobos ele já não entendia os seus rodeados sentimentos. Em especial sobre seu pai. Ele apenas maltratava seu filho, todos os dias abstido de hiatos. Poucas vezes houve-se afeição a maior parte do tempo era apenas uma desconexão sobre os dois. Tivessem dito. Seriamos só nós dois nesse mundo. Um distante mundo, esse. Sua dor ia além da parte física e era mais profunda. Uma eterna busca por aquilo, se encontrava acima dele. 

O filho decidira ir atrás e enfrentar seu pai, cansara disso tudo. Pegou uma faca e começou subir as escadas com o motivo de finalmente enfrentá-lo. Lá em cima começou a andar em direção ao quarto, tremia de medo. Quando percebera estava de frente a porta. A mesma se encontrava entre aberta, dentro estava seu pai lendo o jornal de costas, aparentemente preso em seu ser, sem se importar. 

-Oi filho. 

-Oi. 

-Qual o problema? 

-Você me bateu como sempre faz. 

-Sim, foi pro seu bem. 

-Não, não foi – O filho bate o pé no chão e fica bravo – Você me bateu, eu não mereci eu bati a bola e sem querer ela bateu no vaso, não merecia apanhar desse jeito você só me maltrata. 

O pai fechou o jornal e se virou para a criança. 

-Eu sei a verdade não pode mentir. Você quebrou por querer. Tinha ciúmes do jeito, do qual eu cuidava da muda, por isso se irritou e a quebrou. Você fez isso por puras vontades do eu. Posso perceber até a mais leve decida de suas asas fizerem. 

O filho cai em lágrimas, soltando a faca no chão, ficando sem reação. Ele podia mentir, mas não para si mesmo. 

-O que queres de mim? A muda sempre foi melhor do que eu, sempre gostou mais dela. Sem se importar comigo. Você não pode me amar, sou uma criança comparada tamanha solidez de seu ser, imperfeito sou, não posso ser amado por ninguém, sempre quebro coisas. Estou destinado a isso. Tão frio e distante você é, não consigo ler seus reais sentimentos. 

O pai se entristeceu, mas parecia duro como pedra, entretanto seus olhos estavam umedecidos. 

Ele olhou para o céu pelo seu quarto e começou a dissertar, se prendendo ao fundo dos olhos de seu filho. 

-Meu dileto fruto! Tu és tão pequeno e imaturo em sua vida, acabara de começar a dar seus primeiros passos. Não consegue ver o real sentimento, vivo no mundo a fora. Tudo o que faço está nos pequenos e insignificantes detalhes. Detalhes estes a qual poderiam passar despercebidos por qualquer um. Sendo esses os de maior estima. Em sua concepção quando o peguei no colo, no meu olhar sua beleza era infinita e sobrepujava todos os detalhes, essa sensação me trouxe uma eterna epifania. Epifania essa, me obrigou a sair de minha velha casa. Ao sair pela porta da frente me deparei com uma não antes vista ponte vermelha, uma manifestação do meu sentir, ela ligava a minha casa ao outro lado do rio. Naquele momento subi nela e senti medo, minhas pernas tremiam, estava ao pé dela. Tudo era tão alto para mim, me fez sentir pequeno. Olho para frente e enxergo pouco de sua paisagem, porém ao fundo vejo uma luz amarela quase apagada, no entanto seu brilho me cativava.  Andar na ponte de início se mostrou complicado, pois a todo tempo me desequilibrava e quase caia, aos poucos fui pegando jeito, ao final parecia mais um passeio. Ao sair da sombra do começo, no alto, vi a paisagem mais bela. Pintor nenhum, em sua inimaginável mente, poderia chegar aos pés de sua especiosidade. Alguns se perdem nessa beleza e vão ao seu encontro, afogando-se no rio. Outros usam dessa ponte apenas para se proteger do rio. Demais apenas fogem dessa beleza estonteante. Eu apenas sigo meu caminho pela ponte, pois verdadeiramente busco é o amarelo. 

O filho ainda se sentia disperso, entendia as coisas ditas, mas algo não lhe encaixava. O pai põe a mão no ombro dele. 

-Todos os dias você me busca, mas apenas me vê como um meio e assim como os outros, não chegou a verdadeira ponte. Dada hora você irá encontrá-la. Ainda assim eu te amo de todo o meu coração, junto da muda e de todos regidos por mim. Todos são pequenas partes de meu ser, isso é o essencial de minha fala. Não vou mentir! São os dias em que a peregrinação pelo seu caminho serás difícil, pois como disse nunca é fácil passar a ponte. Dias serão chuvosos e nuvens tamparão a minha luz por você e tentarão me jogar ao rio e estarei totalmente distante e frio, mas serão também os dias de sol Ohh!! Esses a minha luz por você será tão intensa que incendiara todo o seu ser e não deixará sombra qualquer apagar você.  

Haverá dias, começaras a crescer e a rebeldia naturalmente virá. Você irá correr e brincar e se embebedará nos prazeres ilusórios que só os campos verdes podem lhe dá. Nisso você irá se perder do caminho de casa e ficará sozinho em seus próprios demônios. Você por essa jornada encontrará amores, rancores, coisas boas e ruins, pode até se ferir e ferir os outros a sua volta pela sua juventude, estará sem perspectiva e se esquecerá de mim. Um dia, você por acaso, achará o sentido de casa novamente e me encontrará. Eu estarei lá, como sempre, do outro lado da ponte caminhando por ela, a te esperar. Olharei para sua sombra e machucados que tanto lhe fazem mal e irei rir de todos eles para você e será para mim como se fosse a primeira vez o meu primeiro olhar junto do seu. Quando te vi pequeno e puro como um bebezinho a forma de todo o amor, que eu poderia dar. Continuarei calmamente indo de encontro a você com a esperança de um dia sua amarelitude possa se encontrar com a minha e se tornamos uma só, paleta de cor, novamente. 

Não a nada nesse mundo que você possa fazer para mudar isso. 

-Nem se eu quebrar outro vaso. 

-Nem se você quebrar outro vaso. 

Naquele momento o filho se sentiu leve, se ergueu e peregrinou diante de seu pai e o abraçou com toda força, que ele poderia dar. Seu grande pai nivelou-se e o retribuiu. 

A PONTE QUE DEIXEI AO PARTIR 

 

Kamalesh D’ 

27/11/22 

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