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Harley-Davidson

 Harley-Davidson 

Um motoqueiro sem sua moto 

Uma alma sem sua coragem 

Naquele dia perdi meu bando 

Naquele dia perdi minha liberdade. 

 

Desde que você se foi!! 

 

Era nublado. 

Pilotava a cento e cinquenta quilômetros por hora 

Por um instante, imaginei o chão 

Acabei por conhecê-lo, na dor. 

 

Desde que você se foi 

Estou fora de mim! 

 

Um quase encontro com a morte 

Segui pacata existência 

Em meu pequeno conforto  

Vaguei em insciência  

 

“Não se pode mudar minha natureza! 

Um escorpião não nasceu para tomar chá com açúcar às 19:00 na Starbucks” 

 

Achei estranho! 

Algo me chamava. 

 

Na garagem, estava ela 

O motivo de meu sorriso 

Harley-Davidson. 

Com o triscar do motor  

Arrepiava todo meu corpo 

Suas curvas me enlouqueciam 

O fogo de meu ser transbordava. 

Todos e todos os dias, eu contei 

Só para te ter mais uma vez 

                   Uma última vez. 

 

Não sei se vou, ou se fico? 

 

O que podia fazer? 

O óleo me clamava 

Ele era meu senhor 

E eu seu fiel seguidor. 

 

Estou novamente na estrada para o inferno 

 

Prom* Prom* Prom* Prom*  Prom* Prom* 

 

Propósito provoca proclamação profunda provável próxima de mim 

Meu coração acelerava com o provável. 

Dei partida para daqui e nunca mais 

Via o mar. Via BR 101 

 

Estou de volta do preto 

 

Comecei a avançar os velocímetros 

Sentia o vendaval debater contra mim 

Ele silenciava meus pensamentos 

Sou doido de mais, um doido homem. 

 

Sessenta quilômetros por hora 

 

Já não era um simples andar 

Se tornou uma corrida. 

Eu estava perdido  

Até achar meu destino. 

 

Cento e vinte quilômetros por hora 

 

Desviei de um carro  

Depois outro 

Minha moto poderia voar? 

Rodas poderiam ser asas? 

 

Cento e cinquenta quilômetros por hora 

 

A marca da morte 

O doutor advertiu: 

-Uma última batida. 

Talvez ele esteja certo 

Talvez não deva correr 

Talvez vá cair 

Talvez não ame mais. 

Meu coração tomado de dúvida. 

Atento para o caminho 

Vejo o sempre visto 

Nasci para conhecer o azul do céu  

Começo a abandonar egoístas preocupações. 

 

Duzentos quilômetros por hora 

 

Tiro meu colete protetor  

O corpo está próximo de ti 

A brisa mais intensa 

Encontra na essência. 

 

seiscentos quilômetros por hora. 

 

Tiro minhas luvas e caneleiras 

Os ponteiros não marcam a velocidade 

Estou inundado pela inexistente gravidade 

Eu sou a velocidade. 

 

Mil quilômetros por hora 

 

Tiro meu capacete  

Cabelos ao vento 

Consigo enxergar além do vidro escuro 

Os pássaros a voar no infinito do céu azul. 

 

… quilômetros por hora 

 

Tiro meus braços do guidão

Os coloco aberto 

Os obstáculos vêm e vão 

Eu indo. 

Deixei para trás o lamento 

Piloto pela infinitude azulada 

Para um lugar escolhido pelo vento 

Vou embora com minha revoada 

               Minha Harley-Davidson. 

 

Um motoqueiro com sua moto 

Uma alma com sua coragem 

Neste dia reconquistei meu bando 

Neste dia reconquistei minha liberdade. 

 

24/05/23 

 

  

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