Porque o jovem está tão violento ?
Vale a pena reduzir a maior idade penal para 16 anos?
O que podemos fazer para mudar os rumos da violência ?
Por Lucas Lino
“Herdeiros são agora, da virtude que perdemos” Grupo musical Legião Urbana, música Há Tempos.
A violência no Brasil sempre foi motivo de muita alarde e preocupação para todos os brasileiros. A juventude que outrora já foi aclamada como força de revolução política, como ocorreu nas Diretas Já, agora tem sua imagem aludida com drogas e violência. É preciso compreender que com uma base sólida de educação, arte e cultura podemos dar uma nova chance aos jovens, mas para isso é preciso de uma participação ativa da sociedade, do governo e da família. Reduzir a maioridade penal é uma proposta de solução com uma visão fragmentada e superficial.
Segundo matéria do Correio Braziliense “Dos mais de 45 mil homicídios ocorridos no Brasil em 2019, 51,3% eram jovens entre 15 e 29 anos. São cerca de 23.327 jovens assassinados, uma média de 64 mortes por dia. Os dados estão no Atlas da Violência 2021, publicado nesta terça-feira (31/8). ” A violência não é só nas ruas, mas também nas escolas “ na região metropolitana de São Paulo, oito em cada dez jovens afirmaram ter visto pelo menos uma situação de violência contra adolescentes nas escolas”.
Dados alarmantes que volta e meia traz o debate da redução da maior idade penal de volta. De fato, a relação do jovens e adolescentes com a violência e o crime está, a cada dia que se passa, mais alarmante. Como já dizia Renato Russo em sua música “ e há tempos são os jovens que adoecem”. Contudo, é necessário refletir sobre o que está acontecendo com a personalidade dos jovens brasileiros, o que os fazem se envolver em situações tão preocupantes? Eles têm a personalidade violenta, seria esse o caso?
A personalidade é o somatório do que trazemos na hereditariedade e no que nos espelhamos durante a interação com o ambiente que nos cerca. “O self não é algo que existe separadamente de nossas relações com os outros; é uma construção social que se desenvolve no processo de interação social. A identidade é formada através do espelho da sociedade e das respostas dos outros.” Somado a isso, pode-se acrescentar que a personalidade também é genética e hereditária, vinda de pensamentos, sentimentos e comportamentos que o homem passa de geração a geração, os arquétipos Junguianos.
Assim, para atuar na diminuição da violência entre os jovens precisamos de fazer uma intervenção na cultura, na educação, na arte, nas condições socioeconômicas e espiritual do indivíduo. Dessa forma, trabalharemos na construção da personalidade, ou seja, uma intervenção na origem da violência. Por tanto, não adianta diminuir a maior idade penal sem a intervenção eficaz na raiz do problema, que é a personalidade, a relação social do indivíduo.
“Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa”
Grupo musical Legião Urbana, música Há Tempos.
Referência Bibliográfica:
CORREIO BRAZILIENSE. Homicídio: 51,3% das vítimas em 2019 eram jovens entre 15 e 29 anos. Correio Braziliense, Brasília, 23 ago. 2021. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/08/4946895-homicidio-513–das-vitimas-em-2019-eram-jovens-entre-15-e-29-anos.html. Acesso em: 12 nov. 2023.
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Dados mostram que oito em cada dez jovens já presenciaram atos de violência nas escolas. São Paulo, [Data de Publicação]. Disponível em: https://www.ip.usp.br/site/noticia/dados-mostram-que-oito-em-cada-dez-jovens-ja-presenciaram-atos-de-violencia-nas-escolas/. Acesso em: 12 nov. 2023.
MEAD, G. H. Mind, Self, and Society. Chicago: University of Chicago Press, 1934.
STEIN, M. O Mapa da Alma: Psicologia Arquetípica e o Significado da Experiência Humana. São Paulo: Cultrix, 2003.
LEGIÃO URBANA. Há Tempos. Composição: Eduardo Dutra Villa Lobos / Marcelo Augusto Bonfa / Renato Manfredini Junior Letra de Há tempos © Sony/ATV Music Publishing LLCInterpretação: Legião Urbana.